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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

CONTA-ME COMO É UM NOVO CONDOMÍNIO EM COIMBRA


LINHAS CRUZADAS
Para 2013/2014, O Teatrão, o Jazz ao Centro, o CAPC – Círculo de Artes Plásticas de Coimbra e a Casa da Esquina inauguram LINHAS CRUZADAS: um autêntico bairro das artes, onde as casas das quatro entidades partilham uma vizinhança com capacidade de contágio e cruzamento de obras, artistas e públicos; um território comum de ação que se forma tanto a partir dos espaços físicos das estruturas, como de um espaço imaginado, metafórico, capaz de construir referências e ligar diferentes imaginários em torno de um objetivo. Neste biénio, as quatro estruturas articularão uma programação conjunta que inclui música, teatro e artes plásticas e que objetiva um movimento transformador da identidade da cidade, bem como da sua relação com a região e o país. CONTA-ME COMO É é a primeira produção d’O Teatrão para este projeto, onde a propósito da leitura de cenas inéditas sobre o país atual, damos carta branca aos seus autores para programarem um fim de semana de atividade cultural em torno dessas cenas.

O CONTA-ME COMO É começou a ganhar forma em 2012, com o Seminário Brecht, orientado pelo Doutor António Sousa Ribeiro (FLUC e CES), logo seguido de um seminário de dramaturgia portuguesa em que os autores participantes (Jorge Palinhos, Miguel Castro Caldas, Pedro Marques e Sandra Pinheiro) se propuseram fazer um retrato pessoal do país. Os pontos de partida para a criação destes textos foram as obras Terror e Miséria no III Reich, de Bertolt Brecht, e Terror e Miséria no Primeiro Franquismo, de J. Sanchis Sinisterra. Se, nos anos 20 e 30 do séc. XX, o Terror que inspirou Brecht foi o do regime nazi, e se os que sobreviveram à guerra civil espanhola foram matéria de criação dramatúrgica para Sinisterra, neste momento, em plena alvorada do séc. XXI, num Portugal e numa Europa em “crise” e num mundo irreversivelmente globalizado, que Terror e que Miséria nos moldam? Que “poderes” influenciam os nossos hábitos e modo de vida e que relação se estabelece entre o Indivíduo e o Poder instituído?
No primeiro semestre de 2013, apresentamos a primeira parte deste projeto, lendo cenas inéditas daqueles quatro dramaturgos em quatro sessões, uma por autor, espalhadas por quatro meses. Esta série teatral culminará, em 2014, com um espetáculo onde se cruzarão as cenas dos quatro autores, a apresentar também nos vários espaços das LINHAS CRUZADAS, numa série de episódios teatrais.
Fevereiro é o mês de Pedro Marques no CONTA-ME COMO É, que inclui cinema (a trilogia ZEITGEIST – ADDENDUM – MOVING FORWARD, de Peter Joseph), música (um espetáculo-homenagem a Frank Zappa) e a leitura encenada das suas cenas.


Mundo em mudança

CONTA-ME COMO É (TEATRO)
Pedro Marques

ZEITGEIST: O FILME (CINEMA)
de Peter Joseph
CASA DA ESQUINA | 22 de fevereiro | sexta | 21h | entrada livre

ZEITGEIST: ADDENDUM (CINEMA)
de Peter Joseph
SALÃO BRAZIL | 23 de fevereiro | sábado| 14h | entrada livre
THE CHROME PLATED MEGAPHONE OF DESTINY (MÚSICA)
Banda de homenagem à música de Frank Zappa | OMT | Tabacaria | 23 de fevereiro | sábado | 21h30 | Entrada: €5

ZEITGEIST: MOVING FORWARD (CINEMA)
de Peter Joseph
CASA DA ESQUINA | 24 de fevereiro | domingo | 10h30 | entrada livre

CONTA-ME COMO É (LEITURA ENCENADA)
CAPC – Edifício Sede | 24 de fevereiro | domingo | 15h | entrada livre


A programação proposta por Pedro Marques para estes dias assenta na ideia de que “o mundo está (e não, “é”) em permanente mudança e que todos desempenhamos um papel importante (de protagonistas) nele”.
Para P. Marques, a imposição de uma ideia de “crise” e de um sistema que tudo justifica e que a todos envolve, eliminando utopias e esperança, é motivo suficiente para se projetar a trilogia ZEITGEIST – ADDENDUM – MOVING FORWARD, do realizador/músico norte-americano Peter Joseph, numa demonstração de que “esta crise não é um percalço num sistema, ela É o próprio sistema”.
Já a obra paramusical de Frank Zappa, com todos os seus tons dadaístas, é a inspiração dos THE CHROME PLATED MEGAPHONE OF DESTINY, banda de pesquisa da música de um dos artistas/compositores/músicos mais importantes do séc. XX. Neste espetáculo, mais do que um concerto-tributo, encontramos uma realização artística à volta do universo de Zappa.
Por fim, na domingueira tarde de 23 de fevereiro, os atores d’O Teatrão, dirigidos por Jorge Louraço Figueira, farão na sede do CAPC uma leitura encenada das cenas escritas por Pedro Marques.


PEDRO MARQUES é licenciado em Estudos Artísticos – Artes do Espetáculo pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Traduziu obras de Harold Pinter, Sarah Kane, Pier Paolo Pasolini, entre muitos outros. Foi editor da Revista de teatro Artistas Unidos. Escreveu Pigs From Hell (Menção Honrosa no Concurso de Novas Dramaturgias do DRAMAT – 2004) e D. Carlos por Quadros (encenado por Mário Trigo no Teatro Mosca), entre outras peças. Leciona a disciplina de História do Teatro e Dramaturgia no curso Formação Teatral sediado na Guilherme Cossoul.

THE CHROME PLATED MEGAPHONE OF DESTINY:
FLIP – Bateria, kazoo, voz
MIKAO – Voz, percussão
ZÉ PAULO – Baixo
RODNEY – Clarinete, voz, percussão
VASQUO – Teclas, voz, kazoo
RUTH – Guitarra, voz

Peter Joseph é um diretor, escritor, cineasta e compositor norte-americano que viu o seu polémico documentário, Zeitgeist: The Movie, ser premiado em 2007 e que, ao ser livremente lançado na internet, obteve mais de 100 milhões de visualizações durante esse ano. Originalmente, não sendo esta obra concebida como um filme, adquiriu tal estatuto, fruto da sua consagração global. Ao mesmo tempo, estimulou o seu autor (e também narrador) a realizar, em 2008, a sequela Zeitgeist: Addendum, igualmente premiado e que, logo no primeiro ano, conseguiu 50 milhões de visualizações. Nestas obras, Peter Joseph trata várias questões, como o sistema de Reserva Federal dos EUA, a CIA e as relações de corrupção que se estabelecem entre o mundo empresarial (as corporações), os governos, as instituições financeiras e mesmo as religiosas.
Ainda em 2008, Joseph, confrontando-se com a reação viral dos dois primeiros filmes e inspirado pelo “Projeto Vénus” (criado pelo pelo designer industrial Jacque Fresco), decidou fundar o “Movimento Zeitgeist”, uma organização global com milhares de aderentes em 200 países e que visa promover a transição da cultura para um novo paradigma económico e sustentável. Na sequência, surge o terceiro filme da série Zeitgeist: Moving Forward, lançado em 2011.
Em todo este projeto de filmes culturais, Joseph mantém o estudo sobre o atual “Zeitgeist”, ou seja, sobre “o espírito do tempo, da época” ou “sinal dos tempos”.


Para mais informações: geral@oteatrao.com, 239 714 013 / 914 617 383